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O início da viagem de Marlow (Coração das Trevas)

Começaremos, neste mês, a leitura conjunta do livro Coração das Trevas, obra mais conhecida de Joseph Conrad, escritor polonês radicado na Inglaterra.

Estamos no sexto encontro das Expedições Literárias.

O enredo é, para Autran Dourado, o artifício que o escritor utiliza para ‘bater a carteira do leitor’; é, assim, apenas a superfície de uma narrativa ficcional.

Nessa superfície, o que temos aqui?

Marlow, um marinheiro, é contratado para encontrar o paradeiro do sr. Kurtz, que é um comerciante de marfim que se refugiara no interior do país. A história nos conta detalhes dessa busca, pelos olhos de Marlow.

Há basicamente duas formas de abordagem do livro, que não se excluem. Alguns preferem ver nele um manifesto anticolonialista, considerando que as incursões exploratórias feitas em países africanos na segunda metade do século XIX foram indiscutivelmente cruéis.

Porém, a abordagem psicológica me parece mais rica e significativa. Como disse Paulo Mendes Campos, o leitor perspicaz entrará nesta narrativa pela porta estreita da psicologia. É com base nela que proponho, nesta parte dos comentários, alguns caminhos para começar a ler o livro do Conrad.

Comento aqui as primeiras quatro páginas, que trazem elementos interessantes para fertilizar nosso imaginário.

É importante perceber que o livro começa no ponto em que Marlow e seus companheiros estão esperando o momento de partir. Estão estacionados, dentro da embarcação, à espera da oportunidade que naturalmente lhes será oferecida.

Eles aceitam o ritmo natural e se adequam a ele. Além disso, fazem certa reverência aos antepassados, relembrando os principais navegadores que partiram daquele porto para conquistar territórios e aumentar a fortuna e a glória de seu povo.

A narrativa começa em meio a contrastes: paralisação e movimento, luzes e trevas, natureza e civilização. E não poderia ser diferente: o rio que navegarão – como todo rio – tem duas margens; e sem elas não há travessia possível.

Vamos juntos!

Se você não está nas Expedições Literárias, pode começar acessando gratuitamente os comentários ao livro do mês!

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As Expedições Literárias farão uso da seleção de livros que o prof. José Monir Nasser, falecido há poucos anos, fez para suas Expedições pelo mundo da Cultura, que ele conduziu em algumas cidades brasileiras (São Paulo, Curitiba etc).

Que livros compõem a nossa lista?

Vejamos. Dos cem livros, 78 são de ficção. Dos 78, 43 são de prosa ficcional (romances, novelas etc); 24 são de teatro, dos quais oito são de Shakespeare; e onze são de poesia (poesia épica e poesia lírica).

Dos 22 livros de não-ficção, 17 são ensaios ou livros filosóficos (dos quais cinco são de Platão). Os outros cinco são textos de caráter religioso (dois textos sagrados, dois de Santo Agostinho e um de Chesterton).

Você pode perceber que a lista é bem heterogênea.

Que método seguiremos?

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Como Ler Livros (Mortimer J. Adler e Charles van Doren)

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Platão, um dos maiores escritores de todos os tempos, tinha tanta desconfiança em relação à palavra escrita que chegou a dizer em uma de suas cartas algo como “ninguém jamais verá um livro meu tratando das coisas de maior importância”. Para ele, o texto escrito não era capaz de “se defender”. Além disso, como sua atividade era essencialmente pedagógica, a ele parecia evidente que, assim como “cada um é cada um”, assim também cada aprendiz (ou cada grupo de aprendizes) exigia do professor uma determinada abordagem. Os livros são apenas o instrumento de experiências intelectuais ou estéticas possíveis. No caso da poesia, nem isso. No caso da poesia, o livro é apenas um artifício precário de conservação dos símbolos dos sons que compõem o poema — que só é tal quando é declamado em voz alta. O livro está para o poema assim como a partitura está para a…

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