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Platão, um dos maiores escritores de todos os tempos

Platão, um dos maiores escritores de todos os tempos, tinha tanta desconfiança em relação à palavra escrita que chegou a dizer em uma de suas cartas algo como “ninguém jamais verá um livro meu tratando das coisas de maior importância”. Para ele, o texto escrito não era capaz de “se defender”. Além disso, como sua atividade era essencialmente pedagógica, a ele parecia evidente que, assim como “cada um é cada um”, assim também cada aprendiz (ou cada grupo de aprendizes) exigia do professor uma determinada abordagem. Os livros são apenas o instrumento de experiências intelectuais ou estéticas possíveis. No caso da poesia, nem isso. No caso da poesia, o livro é apenas um artifício precário de conservação dos símbolos dos sons que compõem o poema — que só é tal quando é declamado em voz alta. O livro está para o poema assim como a partitura está para a execução de uma peça musical. Evitemos, então, acumular partituras em nossas estantes e, mais ainda, evitemos a contemplação silenciosa das letras impressas umas depois das outras. A leitura só dá frutos se dentro de nós os “músicos” (é sua função convocá-los – chamar-lhes à voz) estiverem dispostos a protagonizar o belíssimo espetáculo que articula a linguagem com a realidade.

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Eutidemo, de Platão (Edith Hamilton)

“Este é talvez, de todos os diálogos platônicos, o que torna a Atenas de Sócrates e de Platão aparentemente mais distante de nós. Nós somos conduzidos de volta a um tempo em que a linguagem havia começado a ter grande importância em si mesma e em que os raciocínios eram geralmente expostos oralmente. Um trocadilho ou um duplo significado podia decidir uma importante discussão. Aqui Sócrates enfrenta Eutidemo e seu irmão, ambos assim chamados erísticos, ou contendores das palavras, e na sua batalha com Sócrates, que diz ser apenas um de seus alunos, esse tipo de artifício ocorre com frequência e se torna extremamente cansativo. Por exemplo, quando Sócrates pergunta pelo sentido de uma frase usada por Dionisiodoro, em resposta ele lhe diz: ‘Há alma nas coisas que têm sentido, quando elas têm sentido? Ou há apenas o sentido das coisas desalmadas?’ Sócrates responde, ‘Apenas as coisas com alma.’…

Os bons versos como ‘a boa linha do desenho’

Manuel Bandeira, em Itinerário de Pasárgada:
Sempre fui mais sensível ao desenho do que à pintura. Lembro-me ainda de certos momentos de minha meninice em que me quedava maravilhado diante de certos desenhos dos grandes mestres do Renascimento, especialmente de Leonardo. E foi intuitivo em mim buscar no que escrevia uma linha de frase que fosse como a boa linha do desenho, isto é, uma linha sem ponto morto. Cedo compreendi que o bom fraseado não é o fraseado redondo, mas aquele em que cada palavra está no seu lugar exato e cada palavra tem uma função precisa, de caráter intelectivo ou puramente musical, e não serve senão a palavras cujos fonemas fazem vibrar cada parcela da frase por suas ressonâncias anteriores e posteriores.

O que faz um escritor

As pessoas têm certa dificuldade de entender o que um escritor faz e que função a escrita desempenha em sua vida. A tal ponto que lhes é incompreensível a sugestão que Rainer Maria Rilke deu em suas “Cartas a Um Jovem Poeta”: antes de decidir seguir a carreira literária “confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?”

À pergunta ‘o que faz um escritor’ seria fácil responder com uma tautologia: ora, o escritor é aquele que escreve. Essa resposta, entretanto, não resolve o nosso problema. Tentemos uma aproximação.

O escritor é uma espécie de artista da palavra. Trabalha-a em meio ao conjunto de toda sua experiência, a experiência que ele conhece e da qual se lembra e aquela que apesar de ter caído no esquecimento ou de nunca ter sido verbalizada o constitui no ser. A maioria das pessoas usa a linguagem como uma reverberação de seus estados físicos…

Estudando Aristóteles: Categorias e Da Interpretação

Como disse no último post, começarei o estudo da filosofia de Aristóteles pelas obras a respeito da linguagem – o que se convencionou chamar Organon.

Desde a última vez que nos falamos, já houve uma modificação no planejamento inicial, que atualmente é o seguinte — os números se referem aos meses, de fevereiro a novembro:

1) Categorias e Da Interpretação
2) Poética, Retórica e Analíticos Anteriores
3) Analíticos Posteriores, Tópicos e Refutações Sofísticas
4) Metafísica
5) Metafísica
6) De Anima e Geração e Corrupção
7) Física
8) Ética a Nicômaco
9) Ética a Nicômaco
10) Política

A modificação foi a seguinte: a obra Da Interpretação, que seria estudada em abril, foi adiantada para fevereiro. Os Tópicos, previstos para março, passaram para abril. Analíticos Primeiros, prevista para abril, veio para março. Poética passou de fevereiro para março. Tudo isso visa a acomodar o estudo das obras naquilo que, segundo parte dos comentadores, seria uma ordem ideal de aprendizado.

Então, na primeira etapa deste…

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