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Schopenhauer (Alberto da Cunha Melo)

Para cada sonho uma lápide
sóbria como o próprio cortejo,
depois disso, treinar seu cão
para morder qualquer desejo;

rasgada a farda da alegria
que, na batalha, o distraía,

agora a dor, em tempo célere,
pode estender, com dignidade,
sua cólera à flor da pele,

para sarjar com sua lança
tantos tumores da esperança.

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Tema e voltas (Manuel Bandeira)

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se nos céus há o lento
Deslizar da noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se lá fora o vento
É um canto na noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se agora, ao relento,
Cheira a flor da noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se o meu pensamento
É livre na noite?

Platão, um dos maiores escritores de todos os tempos

Platão, um dos maiores escritores de todos os tempos, tinha tanta desconfiança em relação à palavra escrita que chegou a dizer em uma de suas cartas algo como “ninguém jamais verá um livro meu tratando das coisas de maior importância”. Para ele, o texto escrito não era capaz de “se defender”. Além disso, como sua atividade era essencialmente pedagógica, a ele parecia evidente que, assim como “cada um é cada um”, assim também cada aprendiz (ou cada grupo de aprendizes) exigia do professor uma determinada abordagem. Os livros são apenas o instrumento de experiências intelectuais ou estéticas possíveis. No caso da poesia, nem isso. No caso da poesia, o livro é apenas um artifício precário de conservação dos símbolos dos sons que compõem o poema — que só é tal quando é declamado em voz alta. O livro está para o poema assim como a partitura está para a…

Como ler poesia (e para quê): a poesia como alimento para a alma

A maioria dos grandes poetas concorda que os poemas não têm propriamente uma função. Os bons poemas simplesmente são — e isso já lhes basta. Não é possível negar, entretanto, que a poesia pode ser terapêutica na mesma medida em que não tenha a pretensão de sê-lo. Se você acha que a poesia é um mero passatempo para desocupados ou uma válvula de escape para malucos de toda ordem sugiro que repense seus preconceitos e comece a ler a boa poesia. Para ajudá-lo nessa empreitada, eis alguns motivos para você começar a ler poesia (clique sobre os tópicos para acessar os poemas):

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A instabilidade das coisas do mundo (Gregório de Matos)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na luz, falta a firmeza,
Na formosura, não se dê constância,
E na alegria, sinta-se tristeza.

Começa o mundo, enfim, pela ignorância,
E tem qualquer dos bens, por natureza:
A firmeza, somente na inconstância.

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