fbpx

O maior país católico do mundo

”Não deixe que o fato de ser brasileiro te impeça de ser cristão. Porque, saiba, isso impede de ser cristão. O Brasil tem quinhentos anos, e cadê os santos andando por aí e fazendo milagres a torto e a direito? Compara isso com os últimos quinhentos anos de qualquer outro país cristão… Ser brasileiro desqualifica você em noventa por cento para o cristianismo. O brasileiro ouve e fala como um papagaio. Ele não compara o que vê na religião com o contexto real de sua vida. Ele não percebe que quando fala com Deus fala como um papagaio, e quando fala com qualquer outra autoridade, por menor que seja, como um segurança de shopping center, fala como se estivesse diante do juiz de sua vida”. (Prof. Luiz Gonzaga)

”Conversando em 1986 com um dos maiores conhecedores de religiões comparadas no mundo, Whitall N. Perry, fiquei surpreso e um tanto ofendido quando ele ostensivamente negou ao Brasil a condição de país católico. Então ele insistiu: — Seria concebível que cinco séculos de catolicismo, num país da extensão da Europa, não produzissem uma única manifestação superior da mística ou um único caso de santidade patente? Onde não há mística nem santidade, não há religião. Esse argumento tapou minha boca, e tapará a de qualquer um que não esteja embevecido pelo mito lisonjeiro do ‘Brasil, maior país católico do mundo’ ao ponto de não enxergar os fatos mais óbvios”. (Prof. Olavo de Carvalho)

(Do Facebook do David Bezerra)

Related Articles

Um conselho a quem queira fazer literatura de ficção no Brasil hoje (Olavo de Carvalho)

Aluno: Em nosso país, com o atual estado da linguagem, qual lhe parece o grande desafio para quem pretenda fazer literatura de ficção?

Em primeiro lugar, você terá que começar a trabalhar essa linguagem que existe. Deverá pegar esse tecido de chavões, de lugares-comuns, e trabalhar para descobrir o que está no fundo deles e como você pode transformar uma coisa na outra. Não adianta você querer chegar diretamente em uma linguagem mais elevada. Você não conseguirá. Nós sempre temos que trabalhar a língua existente. Eu tenho procurado fazer isso: pegar desde a fala mais vulgar possível e elevá-la quando possível; e, depois, voltar a essa fala vulgar e… Eu não vejo outra maneira de trabalhar isso. Afinal de contas, a não ser que os seus personagens fiquem totalmente inverossímeis, eles terão de falar mais ou menos como as pessoas [comuns] falam. Por outro lado, não há porque limitar o seu padrão de…

Para que servia o bobo da corte

Vocês sabem para que servia o bobo da corte? Ele servia para, de um modo caricato, como quem diz mentiras ou sandices, dizer verdades inconvenientes sobre o cotidiano da corte. No momento em que o bobo falava, todo mundo fazia de conta que não acreditava em nada do que era dito; e fingia que aquilo não passava de brincadeira. Porém, o que ele dizia era coisa séria. A pergunta é: por que esse intruso era não só aceito dentro da corte mas sobretudo escalado como um personagem essencial da vida palaciana? Justamente porque sua fala era a oportunidade de trazer para o espaço público — portanto, reconhecido e sancionado pela realeza — fatos constrangedores, fofocas, rumores ou simplesmente mentiras verossímeis que tinham alto potencial destrutivo. Não fosse assim, essas fantasias sobre as quais toda reunião de duas ou mais pessoas gosta de confabular seriam tratadas exclusivamente em segredo. E ninguém…

Quem é Eduardo Marinho?

Eu estou sempre alguns meses atrasado com as novidades do cenário pop nacional. Por isso só agora conheci um brasileiro discípulo de Diógenes, o cão. Maltrapilho por opção, Diógenes andava pelas cidades gregas da Roma Imperial questionando o modo de vida das pessoas. Dormia em barris, de onde pontificava suas pseudo-filosofias, já então símbolo da decadência da filosofia grega após a morte de Aristóteles. Diz a lenda que quando Alexandre Magno o encontrou durante alguma de suas expedições de conquista, já conhecedor de sua fama de homem desprendido, anunciou estar disposto a atender a qualquer de seus desejos; ao que Diógenes respondeu: “Só quero que se afaste um pouquinho para o lado porque está tampando o meu sol“.

Como um Diógenes adaptado ao nosso tempo, Eduardo Marinho não nos pede licença para ver o seu sol, antes nos convida a apreciar as luzes e as sombras de seu mundo interior confuso,…

Lista das máximas e chavões mais comuns nas discussões atuais

Segundo a teoria dos quatro discursos do prof. Olavo de Carvalho (Aristóteles em nova perspectiva. Vide Editorial, 2013), o discurso humano progride em direção a níveis mais altos de credibilidade e se constitui, basicamente, de quatro tipos: poético, retórico, dialético e analítico (ou lógico). Os indivíduos – como as sociedades – tendem a percorrer, nessa ordem, essa ‘linha evolutiva’. Em cada momento de sua história, o indivíduo/sociedade enfatiza determinado tipo sem contudo deixar de fazer uso dos demais nas mais variadas circunstâncias.

Segundo as lições do professor, nós, no Brasil, mal-começamos a nos exercitar no discurso retórico, que é aquele que “[v]isa, essencialmente, a persuadir alguém a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa”.

Já que o discurso retórico “parte das convicções atuais do público, sejam elas verdadeiras ou falsas, e procura levar a plateia a uma conclusão verossímil”, tirei parte do meu dia hoje para recolher – para posterior avaliação –…

Responses