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O Cristianismo está se reduzindo?

O Cristianismo está se reduzindo a pequenos grupos, como previu o Papa Bento XVI? Parece que não. As estatísticas mostram que as conversões estão a cada passo mais numerosas — principalmente, claro, fora do continente europeu. Porém, percebam que o Papa emérito mencionou a distância (e a incompatibilidade geral) cada vez mais evidente entre o Cristianismo e os novos valores impregnados na cultura contemporânea. Porque essa distância passa despercebida pela maioria dos cristãos — e é por outros expressamente negada –, a resposta à pergunta inicial é “provavelmente, sim”, desde que entendamos por Cristianismo aquilo que continuará a ser cultivado no coração das pessoas apesar de tudo e de todos (Cristianismo com cruz e, se preciso for, com martírio, bem entendido).

Isso não é desculpa para não fazer apostolado, claro.

Mas sobretudo, se é nesse rumo que o barco está indo, é recomendável que o pessoal diminua o ritmo de leituras da escola austríaca e de autores conservadores e comece a se especializar na defesa dos direitos humanos (descolorindo as doutrinas que tais das fortes tintas anticristãs com que muitos hoje parecem pintá-las), porque é possível que em algum momento a defesa do Cristianismo volte a ser a defesa das minorias.

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A verdade é relativa?

Hoje em dia todo mundo acaba dando sua opinião sobre tudo. Como a maioria acredita que todos somos iguais e que ninguém é melhor que ninguém, a variada sorte de opiniões acaba convencendo a muitos de que não existe propriamente uma verdade, mas várias. Já não acreditamos na beleza – porque, segundo dizem, a beleza está nos olhos de quem vê; e já não acreditamos que há pessoas melhores que outras – porque justificamos a maldade dos maus na ineficiência do governo, na corrupção, na pobreza (e nunca na falta de caráter ou nas decisões infelizes que seus antepassados tomaram e eles não souberam senão ratificar).

Mas voltemos à verdade. Muitos falam em “sua verdade” e em “minha verdade”. O que pensar disso? Dizer que existem várias verdades é, evidentemente, um mau uso da linguagem. Em vez de buscar um grau de certeza razoável a respeito das questões, as pessoas preferem…

Aos iniciantes no estudo da filosofia platônica

Iniciar o estudo da Filosofia Grega é uma aventura que nos recompensa com abundantes frutos. E ninguém se lance a essa empreitada sem ter uma boa experiência literária — antes, pelo menos, de ter lido e absorvido uma centena das melhores obras da literatura imaginativa universal. A sugestão, que tenho seguido, não é minha mas do Prof. Olavo de Carvalho. Os fundamentos da necessidade de enriquecer o imaginário antes de começar a se debruçar sobre obras filosóficas você os encontra na obra do professor (principalmente nas aulas do Curso Online de Filosofia, ainda em andamento).

Superado este ponto, sigamos. Suspeito que o melhor a fazer não seja começar pelo começo. Deixemos Tales de Mileto para um momento posterior. O melhor, parece-me, é começar por Sócrates, que é considerado o ‘pai da Filosofia’ apesar de não ter deixado obra escrita. Depois de compreender relativamente bem o que é o projeto socrático,…

Um conselho a quem queira fazer literatura de ficção no Brasil hoje (Olavo de Carvalho)

Aluno: Em nosso país, com o atual estado da linguagem, qual lhe parece o grande desafio para quem pretenda fazer literatura de ficção?

Em primeiro lugar, você terá que começar a trabalhar essa linguagem que existe. Deverá pegar esse tecido de chavões, de lugares-comuns, e trabalhar para descobrir o que está no fundo deles e como você pode transformar uma coisa na outra. Não adianta você querer chegar diretamente em uma linguagem mais elevada. Você não conseguirá. Nós sempre temos que trabalhar a língua existente. Eu tenho procurado fazer isso: pegar desde a fala mais vulgar possível e elevá-la quando possível; e, depois, voltar a essa fala vulgar e… Eu não vejo outra maneira de trabalhar isso. Afinal de contas, a não ser que os seus personagens fiquem totalmente inverossímeis, eles terão de falar mais ou menos como as pessoas [comuns] falam. Por outro lado, não há porque limitar o seu padrão de…

Para que serve (se é que serve) a cultura literária?

É verdade que os escritores em geral resistem em atribuir alguma utilidade à literatura. Para eles, a literatura não deve ter nenhuma serventia. E nisso estaria precisamente um de seus mais relevantes objetivos: a literatura existe para indicar que nem tudo na vida está aí para preencher determinada função na engrenagem social. Numa época tão excessivamente funcionalista como é a nossa, a literatura seria, então, o espaço livre fora da fábrica, em que os operários podem respirar ar puro — esquecidos de sua condição de mera peça de uma indústria de pregos e parafusos.
Porém, se bem que muitos tratem a literatura de ficção como passatempo ou diversão (ainda que uma diversão necessária), é evidente que ela responde a inquietações humanas muito sérias e profundas. E isso é assim porque a literatura de ficção é parte da cultura; é parte da herança que recebemos como participantes de uma determinada civilização. Quem quer que pretenda…

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