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A História do Declínio e Queda do Império Romano (Edward Gibbon)

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“O estilo solene, algo barroco, de Gibbon não deve iludir a crítica: a ‘History of the Decline and Fall of the Roman Empire’ não é um grande panorama retórico da história universal, e sim uma obra de erudição séria. Onde Gibbon errou, não o fez por leviandade ou por espírito sectário, mas porque a ciência de sua época não lhe podia oferecer a documentação suficiente. Entre as obras existentes da historiografia é a sua a mais antiga das que ainda se podem consultar com proveito; é grande literatura, mas não é apenas literatura. O valor literário reside no estilo solene e no entanto deliciosamente irônico, no poder admirável de composição e construção, na coerência lógica dos inúmeros fatos relatados: decadência dos romanos, ascensão do cristianismo, queda do Império pela aliança entre a Igreja e os bárbaros, a longa noite dos dark ages sobre a Europa ocidental, a sobrevivência precária da civilização antiga em Bizâncio e o fim definitivo do império pelos novos bárbaros, os turcos”.

“A intenção da historiografia de Voltaire e Gibbon é destrutiva: pretende servir à eliminação das convenções filosóficas e sociais que o passado nos deixou, desmonstrando-lhe o anacronismo absurdo. A eliminação do fator ‘Providência’, sem substituí-lo por outro fator determinante transformou a história em mera sucessão de fatos isolados, como átomos históricos. A própria ideia do progresso, tão cara ao século da Ilustração, não aparece naqueles panoramas da história universal. Por isso, a história é, para Voltaire, ‘le tableu des crimes et des malheurs’; e a Gibbon afigura-se um milênio e meio da história como períodos de ‘decline’ permanente, o que não é perspectiva muito confortadora para o futuro. O pessimismo histórico de Voltaire e Gibbon é consequência da falta de leis históricas; o método cartesiano não admitira leis científicas fora do mundo fisico-matemático; e a história perdeu o sentido”.

(Otto Maria Carpeaux, em História da Literatura Ocidental, vol. 02, p. 1032-1033) – compilação feita por David Bezerra no Facebook.

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Daniel Defoe (1659 – 1731)

“Defoe é um dos maiores jornalistas de todos os tempos”.

“O caminho de vida de Moll Flanders, heroína da obra-prima de Defoe, começa na prisão de Newgate, passa pelo acampamento de ciganos, casas de prostituição, vários casamentos, crimes, deportações, para terminar com uma conversão contrita. O esquema, em ‘Moll Flanders’ e em outros romances de Defoe, é o do romancepicaresco espanhol, que lhe serviu de modelo. Tampouco falta o fatalismo estóico, modificado, porém, no sentido da predestinação calvinista: a pecadora Moll Flanders é vítima das desgraças que a Providência lhe enviou para guiá-la à conversão final”.

“Defoe não pretende dar um exemplum vitae humanae, mas uma advertência prática de como se deve agir ou não, na vida, para conseguir sucesso sem infringir as leis da religião e da moral”.

“Robinson Crusoe é o mais picaresco dos romances ‘picarescos’ de Defoe. Os heróis dos seus outros romances são pícaros que têm de construir…

Johann von Goethe (1749 – 1832)

”Mesmo depois da morte de Goethe não cessaram de aparecer coleções enormes de obras inéditas, diários, cartas, conversas, e entre elas as ‘Conversações com Goethe’, do seu secretário Johann Peter Eckermann, súmula da sua sabedoria de homem muito velho, muito experimentado e que era um gênio”.

”A relação íntima entre a vida e a poesia de Goethe foi salientada por ele mesmo, na autobiografia ‘Poesia e Verdade’, grande panorama do movimento literário alemão por volta de 1770, com a figura do próprio autor no centro”.

”[…] extraiu dos estudos biológicos a lei da sua vida: a elaboração de uma personalidade própria e perfeita, como tipo humano. Eis um conceito goethiano de ‘Bildung’, de ‘formação’: a transformação do caos de experiências e conhecimentos em uma estrutura orgânica”.

”A poesia lírica de Goethe é — ao contrário do que se pensa, sobretudo no estrangeiro — a parte mais importante da sua Obra”.

(Otto Maria Carpeaux,…

Jane Austen (1775 – 1817)

”Jane Austen é um gênio. Tennynson comparou-a a Shakespeare; e a opinião geral na Inglaterra não seria muito diferente. Veja-se, também, o entusiasmo ilimitado do severo crítico F. R. Leavis. Fora da Inglaterra, a glória demorou muito; Jane Austen é estritamente inglesa, e o leitor superficial veria ‘tea-table romances’, onde aqueles viram Shakespeare”.

”Caracteres como Elizabeth Bennett e Fitzwilliam Darcy, em ‘Pride and Prejudice’, estão entre as criaturas mais completas da literatura universal”.

”A obra de Jane Austen é como um ‘Rape of the Lock’ desdobrado e aburguesado, tão ‘fútil’ e tão ‘profunda’ como a obra de Proust”.

(Otto Maria Carpeaux, em História da Literatura Universal, vol. 02, p. 1308-1310) – compilação feita por David Bezerra no Facebook.

Para ler histórias da filosofia

Eu tenho me dedicado, nos últimos oito anos, a tirar o atraso e a suprir as evidentes lacunas da minha formação escolar e universitária. Alguma parte desse tempo foi gasta no estudo da Filosofia Antiga. Raramente eu ultrapassei, nas leituras genéricas de história da filosofia, os filósofos pós-aristotélicos (Epicuro, os cínicos, os estóicos, os ecléticos e os neoplatônicos). Propus-me, neste segundo semestre, a buscar uma visão geral de toda a filosofia através da leitura de duas obras de referência: A História da Filosofia de Giovanni Reale e Dario Antiseri, em três volumes, com consultas pontuais à História da Filosofia de Guillermo Fraile e Teófilo Urdanóz, em oito tomos.

Não foi uma má ideia. Porém, agora que já estou quase na metade do caminho, vejo que por mais que os primeiros autores acabem abordando, lateralmente, o contexto histórico geral de cada um dos filósofos e das escolas filosóficas, falta-me, como um tempero no prato que…

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