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William Blake (1757 – 1827)

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“Blake, poeta lírico de inspiração simples e musical, é, ao mesmo tempo, o porta-voz de todos os anjos e demônios do Universo; a sua obra foi das mais vastas e mais difíceis jamais criadas por um poeta inglês”.

“Os pré-rafaelitas guardaram conhecimento mais íntimo de Blake como se fosse segredo de uma seita. Só os simbolistas abriram a porta do tesouro; e então se manifestou, enfim, um dos poetas mais celestes e mais demoníacos de todos os tempos. ‘Manifestou-se’ é maneira de dizer; porque conhecer a vida de Blake, poeta, místico, revolucionário e louco, e estudar as múltiplas influências de Boehme e Swendenborg, dos gnósticos e de Rousseau na sua obra, ainda não basta para encontrar caminho certo na floresta desse Universo poético. É um Universo particular, e por ser criação de um doido, não deixa de ser completo”.

“Se Blake foi um louco, então foi o louco mais lúcido de todos os tempos. Porque mais cedo do que os outros reconheceu os motivos sociais da Revolução e adivinhou-lhe a degeneração em vitória da burguesia. ‘Songs of Experience’ apresenta um quadro tremendo, ‘dantesco’, da miséria humana; poesia como ‘Holy Thursday’, ‘London’, ‘The Chimmey Sweeper’ constituem a expressão máxima das consequências da revolução industrial”.

“Blake recebeu revelações celestes e infernais à maneira de Swendenborg, manifestando-se-lhe a relação secreta entre as tempestades históricas e as revoluções do Universo; ou então, poder-se-ia dizer, segundo um ponto de vista diferente, que Blake enlouqueceu, começando a compor cosmogonias e mitos fantásticos, nos quais seres sobre-humanos e infra-humanos, munidos de nomes esquisitos, resolvem os destinos do mundo; literatura à maneira dos livros que costumam publicar os paranóicos”.

“Blake é Dostoievski em verso”.

(Otto Maria Carpeaux — História da Literatura Ocidental) — compilação feita por David Bezerra no Facebook.

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Daniel Defoe (1659 – 1731)

“Defoe é um dos maiores jornalistas de todos os tempos”.

“O caminho de vida de Moll Flanders, heroína da obra-prima de Defoe, começa na prisão de Newgate, passa pelo acampamento de ciganos, casas de prostituição, vários casamentos, crimes, deportações, para terminar com uma conversão contrita. O esquema, em ‘Moll Flanders’ e em outros romances de Defoe, é o do romancepicaresco espanhol, que lhe serviu de modelo. Tampouco falta o fatalismo estóico, modificado, porém, no sentido da predestinação calvinista: a pecadora Moll Flanders é vítima das desgraças que a Providência lhe enviou para guiá-la à conversão final”.

“Defoe não pretende dar um exemplum vitae humanae, mas uma advertência prática de como se deve agir ou não, na vida, para conseguir sucesso sem infringir as leis da religião e da moral”.

“Robinson Crusoe é o mais picaresco dos romances ‘picarescos’ de Defoe. Os heróis dos seus outros romances são pícaros que têm de construir…

Laques, de Platão (por Edith Hamilton)

“Quando este diálogo é conjugado com o Lisis, o método pedagógico de Sócrates fica claro. Em ambos ele discute um tema que é perfeitamente familiar a todos os presentes, com o mesmo resultado. Por fim eles entendem que embora tenham sempre dado por pressuposto o conhecimento desse tema, não eram capazes de dizer de que se tratava justamente porque efetivamente não o conheciam. No Laques essa tema é a coragem, e a conclusão é mais surpreendente porque dois dos interlocutores são renomados generais, Laques e Nícias, e porque o último relata a grande coragem que ele viu Sócrates demonstrar no campo. Todos os três são exemplos evidentes daquilo que estão discutindo, mas isso não afeta a demonstração de Sócrates de que desde nenhum deles, ele inclusive, é capaz de definir o objeto da discussão, eles não têm dele um conhecimento real. Simplesmente agir corajosamente sem conhecer o que é…

Johann von Goethe (1749 – 1832)

”Mesmo depois da morte de Goethe não cessaram de aparecer coleções enormes de obras inéditas, diários, cartas, conversas, e entre elas as ‘Conversações com Goethe’, do seu secretário Johann Peter Eckermann, súmula da sua sabedoria de homem muito velho, muito experimentado e que era um gênio”.

”A relação íntima entre a vida e a poesia de Goethe foi salientada por ele mesmo, na autobiografia ‘Poesia e Verdade’, grande panorama do movimento literário alemão por volta de 1770, com a figura do próprio autor no centro”.

”[…] extraiu dos estudos biológicos a lei da sua vida: a elaboração de uma personalidade própria e perfeita, como tipo humano. Eis um conceito goethiano de ‘Bildung’, de ‘formação’: a transformação do caos de experiências e conhecimentos em uma estrutura orgânica”.

”A poesia lírica de Goethe é — ao contrário do que se pensa, sobretudo no estrangeiro — a parte mais importante da sua Obra”.

(Otto Maria Carpeaux,…

Há metafísica bastante em não pensar em nada (Alberto Caeiro)

V

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por…

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