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Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

IMG_3536Acabo de fazer hoje uma incursão, ainda meio atrapalhada e um tanto amadora, no ramo dos canais literários do YouTube. Provavelmente não conseguirei dizer nos vídeos tudo o que se passou pela minha cabeça após terminar a leitura de cada um dos livros. Por isso, certamente as resenhas escritas continuarão. Essa experiência nova me mostrou que de determinados livros é mais fácil falar; de outros, escrever.

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Os livros devem ser lidos?

Você pode ter estranhado a pergunta do título, mas ela não é uma brincadeira. A verdade é que nem todos os livros existem para ser lidos integralmente.

Alguns livros servem para ser consultados; outros, folheados com atenção. Determinados livros são editados simplesmente para nos lembrar de um ideal, ou para mantê-lo aceso.

Ou seja: nem todos os livros precisam ser lidos de capa a capa.

É comum que a informação de que você precisa – e é capaz de assimilar em determinado momento – esteja em uma das páginas iniciais (ou nas últimas). Porém, a habilidade de encontrá-la num livro de trezentas páginas pressupõe que você tenha verdadeira intimidade com os livros.

O que acabo de dizer serve como conclusão: para ser capaz de extrair, em poucos minutos, o que o livro tem a lhe oferecer é preciso que você, antes disso, tenha lido e…

Políticas de incentivo à leitura

Eu não acredito em “políticas de incentivo à leitura”.

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Minha própria experiência me diz que o estabelecimento do hábito de leitura (hábito que só se justifica se for um instrumento da busca pela satisfação intelectual ou do desejo de fruição estética), depende de pelo menos três fatores:

i) o indivíduo tem que carregar consigo certa inquietação, tem que sentir uma espécie de privação, que é ao mesmo tempo estimulada e apenas parcialmente satisfeita pelo ambiente em que vive;

ii) o indivíduo tem que entender de que modo a leitura de livros atende parcialmente a esse anseio. Quer dizer: ele tem que entender mais ou menos “como essa chave de fenda pode ser usada para apertar esse parafuso específico”. Sugestão: a leitura é a oportunidade de se encontrar (de alguma maneira, encontrar realmente) com alguns dos seres humanos mais interessantes e de assimilar suas ideias mais estimulantes;

iii) o indivíduo tem que perder a…

Ainda sobre a mania de pensar com a própria cabeça

As pessoas falam de tudo um pouco no meu canal no YouTube, mas o comentário mais recorrente é uma variação em torno de: “você cita muito o Olavo de Carvalho e isso pode fazer as pessoas pensarem que você não tem ideias próprias”.

O espaço de comentários do YouTube não permite grandes discussões, mas a vontade que dá é perguntar a essas pessoas quem são suas referências. Como provavelmente a maioria delas diria ou “eu não me prendo a referências; eu penso com minha própria cabeça” ou “eu formo minha própria opinião lendo notícias e artigos de jornais”,
eu teria logo uma evidência de que a objeção inicialmente levantada contra mim não tem a menor consistência.

Ora, entre os grandes filósofos não existe nem nunca existiu essa modinha, tão disseminada entre os néscios, de “pensar com a própria cabeça”. Não. Aristóteles, quando filosofava, tinha plena consciência de fazê-lo também com as cabeças…

As Brasas, de Sándor Márai

Há mais coisas entre o Céu e a Terra — e entre os homens, enfim — do que são capazes de expressar as palavras. Foi essa paráfrase, um tanto improvisada e mal-traçada de Shakespeare, que me veio à cabeça quando terminei a leitura de As Brasas, do escritor húngaro Sándor Márai.

Ao conflito que se desencadeou entre os amigos Henrik e Konrad eles não respondem propriamente com palavras, mas com um diálogo complexo e permeado de gestos simbólicos, de desafios explícitos, de silêncios e de acordos tácitos; respondem, enfim, com a própria vida. Eis, a esse respeito, um belo trecho do livro:
Às perguntas mais importantes sempre terminamos respondendo com nossa vida. O que dizemos nesse meio tempo não tem importância, nem os termos e argumentos com que nos defendemos. No final de tudo, é com os fatos de nossa vida que respondemos às indagações que o mundo nos faz com tanta…

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